O fim do apartheid econômico no rádio.

junho 4, 2009 at 3:34 pm 3 comentários

Cena 01: Uma das melhores rádios pop do Brasil, a Metropolitana FM de São Paulo, está promovendo o show sertanejo universitário da dupla Jorge e Matheus no Jóquei Clube.

Cena 02: A 89 FM, concorrente direta da Metropolitana, divulga o show de  Ivete Sangalo em Campos do Jordão.

Embora envolta em uma aura de sofisticação, em decorrência dos locais onde serão realizados os shows,  não tem como esconder que são artistas que nasceram para o rádio popular e por esse formato se tornaram conhecidos em todo o Brasil.

Essa é mais uma prova, por mais que alguns não gostem, que o público pop e popular estão cada vez mais unidos. Há anos vejo que a linha que separava esses artistas do público (erroneamente) classificado de qualificado se torna mais difusa com o tempo.  Rádios como Jovem Pan, tocando cantores populares como Cláudia Leitte (embora em versão remix), e basicamente TODOS os artistas pop tocando em rodeios (de O Rappa à Paralamas, de Titãs à Skank, etc.) trazem a interação natural entre os dois tipos de público. Isso não quer dizer que rádios pop irão tocar música sertaneja na programação (longe disso), embora tenho certeza de que muitos diretores artísticos o desejem secretamente enquanto outras emissoras já tocam, principalmente em mercados menores.

O que é realmente novo nessa história é ter uma rádio pop ligando sua marca à um evento sofisticado, elitizado e… sertanejo. E não é só isso, mas inclusive orgulhosamente colocando o carimbo de “promoção exclusiva”! Está aí a novidade! E ainda tem mais um fator interessante: Não se trata de uma pequena rádio do interior onde a oferta de rádios é naturalmente mais limitada, e sim do maior mercado do país, onde não faltam opções de emissoras para essa promoção. Isso é claro, não quer dizer (repito), que a Metropolitana vá tocar sertanejo no dia seguinte, tem uma grande distância nesse quesito.

Como a sociedade mudou! Quem aqui imaginaria um Rock in Rio nos anos 80 incluindo Xitaõzinho e Xororó? Ou uma promoção da Jovem Pan nos anos 80 com Leandro e Leonardo? Mas hoje vemos grandes festivais,  como a Planeta Atlântida (rádio pop por definição) com artistas pop e populares, sem distinção. Essa flexibilidade de estilos há muito existem entre os ouvintes,  freqüente qualquer casamento, formatura ou aniversário no Brasil e ver todos os gostos musicais se misturando. Basta analisar o Ibope e ver que tanto a Metropolitana como a Nativa estão em todas as classes sociais.

O apartheid econômico na música brasileira praticamente não existe mais. E viva o fim do Apartheid!

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3 Comentários Add your own

  • 1. Cássio Fernando  |  junho 6, 2009 às 6:51 pm

    Não vi mudança positiva alguma , aliás pelo contrário.
    Ivete Sangalo por exemplo , só falta tomar o microfone do Faustão , outro ainda mais descartável , e ela sozinha apresentar o programa tocando claro ,apenas suas músicas , pois é o que se vê quase sempre…
    Antes eram Zezé Di Camargo e Luciano os apresentadores do Domingão.
    Quanto ao resto todo , creio que o sertanejo tomou conta de tal maneira que mesmo eventos como os citados no texto deste post ,como rock in rio e outros , estão fadados mesmo a serem o popularesco encontro de duplas , que agora tbm são universitárias no estilo , como se as universidades do brasil já não abrigassem desculturados que chega.
    Aliás a música do Brasil atual é mesmo uma figura que ajuda muito na cultura brasileira e no conhecimento geral do povo , basta observar….A afundar com a cultura, diga-se…!
    Pessoalmente prefiro mesmo o que era antes.
    Rock in Rio com B 52´s , Rod Stewart , Queen e tantos outros e na música brasileira das rádios e tv´s : Djavam , Rita Lee , RPM , Ultrage a Rigor , Léo Jaime e por aí vai…
    Fora os falecidos Cazuza , Gonzaguinha , Renato Russo (esse coitado deve estar muito triste de verdade com o que vê de lá do outro lado) fora o vivo e super artista Guilherme Arantes e mais tantos outros fora do cenário hoje , pelo visto prá sempre….
    Isso prá não citar o Boca livre , Beto Guedes , Lô Borges , Milton Nascimento , Verônica Sabino e outros mais.
    Aliás esse pessoal está aonde ?
    Provavelmente rindo da bandalha que o cenário musical brasileiro virou ou lamentando ter tentado fazer da música brasielira algo que se pudesse aproveitar prá sempre , porém tudo virou nisso que hoje é…
    Em 80 e 90 esses artistas tocavam em todas as rádio é só pesdquisar as listagens da época.
    São do Apartheid decerto , e por isso foram sacados fora da “justa” mudança que era necessária e urgente ao brasil musical.
    Falar hoje em flexibilidade musical no Brasil é algo como dar um copo de água a quem está morrendo afogado no meio de um rio , ou seja , que flexibilidade pode existir qdo se liga o rádio e a tv e se assiste ao verdadeiro quadro da miséria cultural e artística…?
    Panis et Circenses..Isso nunca cairá de moda desde os Cesares…E nem deveria , o lance é qual Circenses se usa , pois o panis é quase sempre o mesmo ; sêco e dormido,acompanhado de um delicioso copo de água fria ou morna para o chá do pobre e o circenses é o pior de todos os tempos na minha modesta e particular opinião.
    Restam a quem está insatisfeito como eu ; os flashback´s…
    Abçs e bom inverno prá todos…..!

    Responder
  • 2. sindicato dos trabalhadores e trabalhadoras rurais de Araçás Bahia  |  setembro 4, 2009 às 11:21 am

    PELO FIM DO APARTHEID ECONOMICA CULTURAL,MUSICAL NO BRASIL

    Responder
  • […] falta dele) entre gostos musicais se torna evidente nas classes mais abastadas. Escrevi sobre isso aqui, aqui , aqui e […]

    Responder

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